terça-feira, outubro 24, 2006

Posso-me indignar??

Enquanto estudava a matéria do direito das obrigações, num dos devaneios em que se ocupa a maior parte do tempo (que devia ser utilizado para a função que lhe dedicamos mas é de facto dificil quando se estuda na biblioteca da faculdade, por variadas razões, voces sabem quais), surgiu-me de novo ideia pela qual me debato interiormente á cerca de 6 anos, e da qual nunca obtive resposta, por simplesmente não me ser permitido perguntar neste colégio de professores, por ser uma ofensa grave á sua honra. Então mantemos sempre este assunto tabu durante as décadas , que levará a várias conclusões infirmadas no final deste post.
Mas afinal qual é a pergunta? È simplesmente: Porque é que temos que perguntar (ou responder) em 100 palavras, usando um português quase sempre obsoleto, até em Latim ou por vezes citando Schaffle e as suas obliegeneit, quando podemos fazer o mesmo em 10 santas palavrinhas, obtendo-se o mesmo e mais célere efeito?
Esta pergunta tem a sua relevância em qualquer meio juridico, mas principalmente em faculdades. Afinal estamos a formar o quê? Doutores de leis, que as conhecem e as dominam, ou rétoricos que conseguem em tribunal ludibriar qualquer juri com o dom da palavra, mas total desconhecimento de causa?
Parece superflua esta pergunta, mas não poderemos cumular este factor no atraso de todas as instituições juridicas? Não será também por isto que os tribunais andam atolhados de processos durante anos a fio? Não será também por isto que se aplica tão inadequadamente e sem qualquer efeito a justiça no nosso país, como vimos agora nos recentes casos dos apitos dourados, da ponte de entre os rios, nos processos de pedófilia, que não vemos sequer um acusado!!!!???? Tantos anos, tanta gente e familias que desesperam á espera de uma resolução para as suas vidas, e passados tantos anos não há um único responsável???? Devem estar a gozar com a nossa cara.
E respondem-me os juristas: "não podemos fazer com que a necessidade de celeridade se sobreponha aos ditames de justiça!"
Pois, de facto é verdade, mas como vimos nestes recentes exemplos, o tempo não foi amigo da justiça, nem nunca será. Porque o tempo tudo apaga, e o mesmo se aplica á justiça!
Por isso estou indignado...

1 comentário:

teresa disse...

Quando estava na faculdade como tu também me questionava sobre o mesmo, mas agora que estou do outro lado vejo que temos de defender os interesses dos nossos clientes, sejam eles qual forem!! Por vezes as delongas, que a maior parte das vezes são causadas por nós, só ajudam os nossos clientes!! Não te esqueças que essas famílias e pessoas que esperam a chamada justiça normalmente estão representadas pelo M.P., restando-nos representar os réus, os maus da fita!! É para isso que cá estamos!! E para além de termos de ser doutores da lei, também precisamos de ter muita rétorica para os defender! Por isso amigo, digo-te que quando chegares a este lado não vais poder questionar muita coisa se queres ter trabalho e ter clientes, isto se te decidires pela parte penal!! Beijinhos.